A noite está tranquila, o jazz rola solto e as conversas estão animadas. Devo admitir que há muito não conhecia um grupo tão empolgado. Passar a noite com esse pessoal é aventurar-se, pois nunca faltam idéias do que fazer e aonde ir. Com alguns amigos, perto do som, converso sobre música em geral. Passamos algum tempo ali bebendo vinho e conversando, estendendo o assunto para outros horizontes. Passeio meus olhos pelo apartamento até encontra-la. Lá estava ela, com algumas amigas, na sala de jantar. Sirvo-me de mais vinho e peço licença aos meus amigos. Dirigo-me para a sacada, onde fico apenas observando.
Passeio meus olhos por aquele corpo. Passeio meus olhos por aquele rosto. Deus, como ela sabe ser feminina! Tudo nela, do mais leve movimento ao conjunto de seu corpo é de uma sensualidade hipnótica. E aqueles olhos... e aqueles lábios... Passeio meus olhos por aquelas costas e lembro de minhas mãos deslizando por elas, passeio meus olhos naquela nuca, onde meus lábios estiveram...
Não sei dizer quanto tempo fiquei ali observando ela. Ao que parece tempo bastante para ela me procurar entre os amigos, até virar-se para a sacada. Ela passa as mãos de leve em seu corpo, com um sorriso nos lábios, aproximando-se em seguida. Que belíssima cena! O movimento das pernas, dos quadris, dos braços e dos cabelos... vê-la caminhar com sensualidade em minha direção, com aquele lindo sorriso no rosto.
- Aí está você... posso saber o que faz sozinho nessa sacada?
- Estava te observando...
- Você adora fazer isso, não?
- Sim querida, eu adoro...
Envolvo meus braços em sua cintura. Ela morde os lábios levemente. Beijamo-nos lenta e demoradamente. Suas mãos colocam-se em meu peito e ela passeia seu rosto no meu. Voltamos a nos beijar demoradamente para, por fim, ficarmos abraçados.
- Você transforma qualquer noite numa noite perfeita, minha querida.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Magic
"I got a coin in your palm
I can make it disappear
I got a card up my sleeve
Name it and I'll pull it out your ear
I got a rabbit in the hat
If you wanna come and see
This is what will be
This is what will be
I got shackles on my wrists
Soon I'll slip and I'll be gone
Chain me in a box in the river
And rising in the sun
Trust none of what you hear
And less of what you see
This is what will be
This is what will be
(I'll cut you in half)
I got a shiny saw blade
All I need's a volunteer
I'll cut you in half
While you're smilin' ear to ear
And the freedom that you sought
Driftin' like a ghost amongst the trees
This is what will be
This is what will be
Now there's a fire down below
But it's coming up here
So leave everything you know
Carry only what you fear
On the road the sun is sinkin' low
Bodies hanging in the trees
This is what will be
This is what will be"
Bruce Springsteen
I can make it disappear
I got a card up my sleeve
Name it and I'll pull it out your ear
I got a rabbit in the hat
If you wanna come and see
This is what will be
This is what will be
I got shackles on my wrists
Soon I'll slip and I'll be gone
Chain me in a box in the river
And rising in the sun
Trust none of what you hear
And less of what you see
This is what will be
This is what will be
(I'll cut you in half)
I got a shiny saw blade
All I need's a volunteer
I'll cut you in half
While you're smilin' ear to ear
And the freedom that you sought
Driftin' like a ghost amongst the trees
This is what will be
This is what will be
Now there's a fire down below
But it's coming up here
So leave everything you know
Carry only what you fear
On the road the sun is sinkin' low
Bodies hanging in the trees
This is what will be
This is what will be"
Bruce Springsteen
Discurso
Tirou os óculos. Passou água no rosto, secou-se. Olhou-se no espelho. Ali, naquele camarim ele estava com seus pensamentos. As coisas estavam acontecendo cada vez mais rápido, mas não havia mais como fugir... nõa podia mais ignorar. Ao fundo, ouvia a voz que lhe apresentava, com todos aqueles elogios e frases de efeito. Tudo aquilo que ele não mais queria ouvir. Ouviu seu nome ser chamado. Respirou fundo, caminhando em direção ao palco. Seus pensamentos consigo. O primeiro passo dentro do palco e todos aqueles aplausos, que pareciam estar abafados... olhou as luzes, olhou os fotógrafos... chegou ao microfone. Pausa. Silêncio de todos esperando a primeira palavra... Olhou a platéia, olhou seu discurso, exalou o ar....
- Senhoras e senhores....
Nova pausa. Ele poderia muito bem seguir com aquilo que todos queriam ouvir... poderia muito bem seguir como se aquilo fosse real... mas não... era a hora de sair daquele estado, era hora de remar contra a maré. Era hora de libertar-se.
- ... estamos dormindo. Sim, estamos dormindo. Nos últimos 200 anos temos causado danos irreversíveis a este planeta. Levamos a extinção inúmeras espécies de animais e criamos toneladas e mais toneladas de lixo. Mas estamos dormindo. Estamos fascinados com este modo de vida. Estamos fascinados e queremos vivê-lo. Muito é falado sobre o meio-ambiente, visto que agora está na moda ser verde, mas o que é realmente falado? Evite o uso de papeis, use menos o seu carro, evite as sacolas plásticas, plante árvores.... sim, esses pequenos gestos realmente ajudam o ambiente... mas não mudam o modo de vida ao qual estamos fascinados. Não mudam o real problema... nosso modo de vida. E a mídia nos fascina ainda mais... com reportagens sobre o futuro verde, as tecnologias miraculosas... Mas essas tecnologias vem apenas para manter tudo como está... e nos iludir com um mundo melhor, que até, por um tempo, parecerá melhor... mas não teremos resolvido a raiz de nossos problemas... o nosso modo de vida.
- As cadeias produtivas hoje são complexas... há uma grande interconexão entre nosso dia-dia e o andamento do planeta. Conflitos étnicos, guerras, violência que não para de crescer... tudo isso não é por acaso, é apenas o resultado de nosso sono, de nossa parilisia diante dos fatos, de nossa preguiça em buscar a verdade... nossa preguiça que aceita tudo que nos é passado sem questionamento. Queremos ficar quietinhos, vivendo nossa fascinação e deixar os problemas para os outros.... construímos muros, nos isolamos para que ninguém pertube nossa fascinação. E o tempo passa... e mundo fica cada vez pior... mas saímos do trabalho, chegamos em casa, ligamos a tv... olhamos o notíciário como se fosse algo distante... até ficamos chocados com alguma coisa, mas logo esquecemos... pois mergulhamos no mundo do entretenimento e nos fascinamos com esse mundo mágico... e queremos ficar por lá... Tudo bem, tudo bem... podem aumentar os impostos, mas me deixe com meus canais de tv. Tudo bem, podem roubar bilhões, eu não ligo, desde que eu tenha meus canais. Tudo bem, podem sucatear toda as necessidades básicas do cidadão... mas me deixe com minha tv.
- E destrõem todos os avanços conseguidos por pesosas como nós ao longo dos últimos 200 anos... mas nós não ligamos... Por que eles nos fascinam com teorias que dizem que tudo sempre está caminhando para o melhor... que tudo nesse planeta, desde a nascente do nilo até o oceano pacífico deve ser privatizado, deve entrar na lei do mercado... porque a lei do mercado é a melhor... será mesmo? Não é o que parece quando olhamos atentamente o quadro em que o planeta se encontra. E vamos criando um abismo para o qual fatalmente vamos cair... Precisamos acordar, precisamos buscar a verdade, deixar o modo passivo para trás. O mundo é aqui e agora e ele precisa de nós, acordados, para reverter esse quadro. Ele precisa de nós, acordados, para que possamos frear os intereses de uma minoria manipuladora, que sabe muito bem o que está fazendo, embalando nosso sono para nos tirar tudo... Que possamos viver despertos. Que possamos criar um mundo melhor... sem utopias, sem sonhos mirabolantes, mas sim no dia-dia, nas relações humanas, no trabalho... em atos. Precisamos agir! E quando despertos agirmos, teremos a força e a união necessária para a mudança. Acordemos! Acordemos!
Saiu dali sem prestar muita atenção aos aplausos mornos que seguiam. Ele sabia que ativismo não cria milagres, que aquela platéia provavelmente amanhã já esqueceria do que ele disse, mas ele sabia que tinha que seguir. Anos virão pela frente onde sua persistência e dedicação serão provados... mas ele está disposto a seguir, encarar os problemas. Ele não quer mais domir. Não importa o que aconteça.
- Senhoras e senhores....
Nova pausa. Ele poderia muito bem seguir com aquilo que todos queriam ouvir... poderia muito bem seguir como se aquilo fosse real... mas não... era a hora de sair daquele estado, era hora de remar contra a maré. Era hora de libertar-se.
- ... estamos dormindo. Sim, estamos dormindo. Nos últimos 200 anos temos causado danos irreversíveis a este planeta. Levamos a extinção inúmeras espécies de animais e criamos toneladas e mais toneladas de lixo. Mas estamos dormindo. Estamos fascinados com este modo de vida. Estamos fascinados e queremos vivê-lo. Muito é falado sobre o meio-ambiente, visto que agora está na moda ser verde, mas o que é realmente falado? Evite o uso de papeis, use menos o seu carro, evite as sacolas plásticas, plante árvores.... sim, esses pequenos gestos realmente ajudam o ambiente... mas não mudam o modo de vida ao qual estamos fascinados. Não mudam o real problema... nosso modo de vida. E a mídia nos fascina ainda mais... com reportagens sobre o futuro verde, as tecnologias miraculosas... Mas essas tecnologias vem apenas para manter tudo como está... e nos iludir com um mundo melhor, que até, por um tempo, parecerá melhor... mas não teremos resolvido a raiz de nossos problemas... o nosso modo de vida.
- As cadeias produtivas hoje são complexas... há uma grande interconexão entre nosso dia-dia e o andamento do planeta. Conflitos étnicos, guerras, violência que não para de crescer... tudo isso não é por acaso, é apenas o resultado de nosso sono, de nossa parilisia diante dos fatos, de nossa preguiça em buscar a verdade... nossa preguiça que aceita tudo que nos é passado sem questionamento. Queremos ficar quietinhos, vivendo nossa fascinação e deixar os problemas para os outros.... construímos muros, nos isolamos para que ninguém pertube nossa fascinação. E o tempo passa... e mundo fica cada vez pior... mas saímos do trabalho, chegamos em casa, ligamos a tv... olhamos o notíciário como se fosse algo distante... até ficamos chocados com alguma coisa, mas logo esquecemos... pois mergulhamos no mundo do entretenimento e nos fascinamos com esse mundo mágico... e queremos ficar por lá... Tudo bem, tudo bem... podem aumentar os impostos, mas me deixe com meus canais de tv. Tudo bem, podem roubar bilhões, eu não ligo, desde que eu tenha meus canais. Tudo bem, podem sucatear toda as necessidades básicas do cidadão... mas me deixe com minha tv.
- E destrõem todos os avanços conseguidos por pesosas como nós ao longo dos últimos 200 anos... mas nós não ligamos... Por que eles nos fascinam com teorias que dizem que tudo sempre está caminhando para o melhor... que tudo nesse planeta, desde a nascente do nilo até o oceano pacífico deve ser privatizado, deve entrar na lei do mercado... porque a lei do mercado é a melhor... será mesmo? Não é o que parece quando olhamos atentamente o quadro em que o planeta se encontra. E vamos criando um abismo para o qual fatalmente vamos cair... Precisamos acordar, precisamos buscar a verdade, deixar o modo passivo para trás. O mundo é aqui e agora e ele precisa de nós, acordados, para reverter esse quadro. Ele precisa de nós, acordados, para que possamos frear os intereses de uma minoria manipuladora, que sabe muito bem o que está fazendo, embalando nosso sono para nos tirar tudo... Que possamos viver despertos. Que possamos criar um mundo melhor... sem utopias, sem sonhos mirabolantes, mas sim no dia-dia, nas relações humanas, no trabalho... em atos. Precisamos agir! E quando despertos agirmos, teremos a força e a união necessária para a mudança. Acordemos! Acordemos!
Saiu dali sem prestar muita atenção aos aplausos mornos que seguiam. Ele sabia que ativismo não cria milagres, que aquela platéia provavelmente amanhã já esqueceria do que ele disse, mas ele sabia que tinha que seguir. Anos virão pela frente onde sua persistência e dedicação serão provados... mas ele está disposto a seguir, encarar os problemas. Ele não quer mais domir. Não importa o que aconteça.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Universo VII
Caminhamos de mão dadas pelo jardim. Conversamos jovialmente. Da casa, vem o som de Mendelssohn, que deixamos tocando. Entre as árvores sentamos. Servimo-nos de vinho e brindamos. Ela, encantadora, como sempre. Toda beleza, graça e sensualidade, que docemente me fala:
- Meus pais te admiram. Teu caráter, teu modo de ver a vida...
- Pois a admiração é mútua. Gosto da companhia de teus pais. Todas as conversas foram prazerosas e de grande valia. São pessoas nobres e me tratam como um filho. Na verdade, tudo isso é incrível. Tu, teus pais, essa casa...
Ela beija-me. Trocamos carinhos e sorrisos... Tudo aquilo era realmente incrível e nós sabiamos. Ali, naquele jardim, entre as árvores, estamos traquilos, serenos. Desfrutando do vinho entre beijos e conversas animadas. Ali, naquele jardim, entre as árvores, entregamo-nos um ao outro.
- Veja essa casa meu querido. Aqui sempre serás bem-vindo. Aqui, sempre terás amigos. Aqui, sempre terás um lar...
- Meus pais te admiram. Teu caráter, teu modo de ver a vida...
- Pois a admiração é mútua. Gosto da companhia de teus pais. Todas as conversas foram prazerosas e de grande valia. São pessoas nobres e me tratam como um filho. Na verdade, tudo isso é incrível. Tu, teus pais, essa casa...
Ela beija-me. Trocamos carinhos e sorrisos... Tudo aquilo era realmente incrível e nós sabiamos. Ali, naquele jardim, entre as árvores, estamos traquilos, serenos. Desfrutando do vinho entre beijos e conversas animadas. Ali, naquele jardim, entre as árvores, entregamo-nos um ao outro.
- Veja essa casa meu querido. Aqui sempre serás bem-vindo. Aqui, sempre terás amigos. Aqui, sempre terás um lar...
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Universo VI
Fico olhando ela dormir. Tão doce! O belo corpo nu. Os cabelos macios. Os lábios rosados. Passeio levemente minha mão nas suas curvas, com cuidado, para não acorda-la. A melodia. Posso ouvir a melodia que ela emana. Continuo passeando levemente minha mão pelo seu corpo, devagarinho, sentindo cada centímetro. Tão doce!
Beijo levemente sua face. Mantenho meu rosto colado ao dela... busco o ar que sai de seus pulmões... fecho os olhos... posso ouvir a melodia. Seguro sua mão. Levo ao meu peito. Abraço-a suavemente... ela abre os olhos, não diz nada, apenas busca meus lábios e cola-se em meu corpo, fechando os olhos novamente.
Faço carinho em seus cabelos. Estamos mergulhados num mar de tranquilidade. Fecho os olhos e me deixo levar... busco o ar que sai de seus pulmões, sinto o ar dentro de mim... em seus braços quero dormir. Em seus braços estou em paz...
Beijo levemente sua face. Mantenho meu rosto colado ao dela... busco o ar que sai de seus pulmões... fecho os olhos... posso ouvir a melodia. Seguro sua mão. Levo ao meu peito. Abraço-a suavemente... ela abre os olhos, não diz nada, apenas busca meus lábios e cola-se em meu corpo, fechando os olhos novamente.
Faço carinho em seus cabelos. Estamos mergulhados num mar de tranquilidade. Fecho os olhos e me deixo levar... busco o ar que sai de seus pulmões, sinto o ar dentro de mim... em seus braços quero dormir. Em seus braços estou em paz...
O jogo
Levou a mão ao queixo. Passou os dedos em sua barba. Inclinou-se para trás.
- Tem certeza? - perguntou.
- É claro que tenho.
- Não sei...
- Qual é? Não confia em mim?
- Pior que não... - rindo.
- Ah.... sem essa... já expliquei certinho!
Olhou Vítor por um instante. Não havia dúvidas que ele era expert em entrar em furadas. Mas também não havia dúvidas que suas arriscadas por vezes resultavam em grandes jogadas. Tomou um gole de cerveja. Respirou fundo.
- E então? Topa? - perguntou Vítor.
- Ok... mas com uma condição. Eu comando.
Aqui ele sabia que estava jogando alto, mas se havia aprendido alguma coisa na vida, é que não devia estar no fim da fila. Tomou mais um gole de cerveja. Olhou o pessoal no bar. Olhou o pessoal na rua... não havia dúvidas... estava jogando alto... quem sabe alto demais. Mas ele queria jogar, estava no seu sangue. Não queria uma vida simples e banal. Ele queria mais...
- Cacete Ricardo.... você dificulta...
- É pegar ou largar Vítor....
- Não sei, será que v...
- É pegar ou largar! - interrompendo, de modo bem enfático.
Vítor ficou em silêncio. Agora Ricardo sabia que estava no comando. Como nos velhos tempos. Podia sentir o sangue correr em suas veias. A sensação de liberdade. A mente cosntruindo tudo rapidamente, o filme que se seguia. Sorriu. Estava de volta. Estava vivo.
- Ok Ricardo, você comanda.
- Agora estamos realmente conversando.
- Cacete... você sempre consegue.
- Sim eu sempre consigo - com um sorriso no rosto - e é por isso que eu comando. Já calculei as possibilidades. Já sei o que fazer e quando fazer.
Levantou-se. Terminou seu copo de cerveja. Ah como era bom estar de volta! Saiu do bar renovado. Pegou a moeda, jogou para o alto, deixou cair no chão, pisou em cima. Olhou o resultado. Sorriu. Estava jogando alto... quem sabe alto demais...
- Tem certeza? - perguntou.
- É claro que tenho.
- Não sei...
- Qual é? Não confia em mim?
- Pior que não... - rindo.
- Ah.... sem essa... já expliquei certinho!
Olhou Vítor por um instante. Não havia dúvidas que ele era expert em entrar em furadas. Mas também não havia dúvidas que suas arriscadas por vezes resultavam em grandes jogadas. Tomou um gole de cerveja. Respirou fundo.
- E então? Topa? - perguntou Vítor.
- Ok... mas com uma condição. Eu comando.
Aqui ele sabia que estava jogando alto, mas se havia aprendido alguma coisa na vida, é que não devia estar no fim da fila. Tomou mais um gole de cerveja. Olhou o pessoal no bar. Olhou o pessoal na rua... não havia dúvidas... estava jogando alto... quem sabe alto demais. Mas ele queria jogar, estava no seu sangue. Não queria uma vida simples e banal. Ele queria mais...
- Cacete Ricardo.... você dificulta...
- É pegar ou largar Vítor....
- Não sei, será que v...
- É pegar ou largar! - interrompendo, de modo bem enfático.
Vítor ficou em silêncio. Agora Ricardo sabia que estava no comando. Como nos velhos tempos. Podia sentir o sangue correr em suas veias. A sensação de liberdade. A mente cosntruindo tudo rapidamente, o filme que se seguia. Sorriu. Estava de volta. Estava vivo.
- Ok Ricardo, você comanda.
- Agora estamos realmente conversando.
- Cacete... você sempre consegue.
- Sim eu sempre consigo - com um sorriso no rosto - e é por isso que eu comando. Já calculei as possibilidades. Já sei o que fazer e quando fazer.
Levantou-se. Terminou seu copo de cerveja. Ah como era bom estar de volta! Saiu do bar renovado. Pegou a moeda, jogou para o alto, deixou cair no chão, pisou em cima. Olhou o resultado. Sorriu. Estava jogando alto... quem sabe alto demais...
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Blood Brothers
"We played king of the mountain out on the end
The world come chargin' up the hill,
and we were women and men
Now there's so much that time, time and memory fade away
We got our own roads to ride and chances we gotta take
We stood side by side each one fightin' for the other
We said until we died we'd always be blood brothers
Now the hardness of this world
slowly grinds your dreams away
Makin' a fool's joke out of the promises we make
And what once seemed black and white
turns to so many shades of gray
We lose ourselves in work to do and bills to pay
And it's a ride, ride, ride, and there ain't much cover
With no one runnin' by your side my blood brother
On through the houses of the dead
past those fallen in their tracks
Always movin' ahead and never lookin' back
Now I don't know how I feel,
I don't know how I feel tonight
If I've fallen 'neath the wheel,
if I've lost or I've gained sight
I don't even know why, I don't know why I made this call
Or if any of this matters anymore after all
But the stars are burnin' bright like some mystery uncovered
I'll keep movin' through the dark with you in my heart
My blood brother"
Bruce Springsteen
domingo, 27 de janeiro de 2008
(...)
Hoje foi um dia bom. Aos poucos vou dando andamento na minha vida, visto que iniciei uma agenda de mudanças, ao qual estou seguindo à risca. Muitas coisas aconteceram nesses últimos dias, que têm me dado um ânimo surpreendente. Novas pessoas entraram na minha vida, trazendo consigo ventos de um novo destino, um horizonte novo.
Aprendi muita coisa nos primeiros dias de 2008, devido aos acontecimentos que surgiram. Hoje vejo com novos olhos as pessoas, as relações humanas... é necessário sofrer alguns revezes para compreendermos certas coisas. Mas continuo com minha fé, minha vontade de fazer o melhor, entregando sorrisos as pessoas... porque por mais que algumas nos fazem sofrer, outras tantas nos fazem rir; e seguimos a vida com confiança.
Nessa noite fria, várias coisas vêm à minha cabeça.... Bruce Springsteen rolando na vitrola e a certeza que estes são dias melhores, onde a a vida me surpreende a cada dia com novas alegrias. Sinto tantas coisas boas a cada passo e em cada conversa que tenho, que sei que a providência está ali, me mostrando todas as possibilidades, me guiando para o melhor.
Estes são dias melhores!
Aprendi muita coisa nos primeiros dias de 2008, devido aos acontecimentos que surgiram. Hoje vejo com novos olhos as pessoas, as relações humanas... é necessário sofrer alguns revezes para compreendermos certas coisas. Mas continuo com minha fé, minha vontade de fazer o melhor, entregando sorrisos as pessoas... porque por mais que algumas nos fazem sofrer, outras tantas nos fazem rir; e seguimos a vida com confiança.
Nessa noite fria, várias coisas vêm à minha cabeça.... Bruce Springsteen rolando na vitrola e a certeza que estes são dias melhores, onde a a vida me surpreende a cada dia com novas alegrias. Sinto tantas coisas boas a cada passo e em cada conversa que tenho, que sei que a providência está ali, me mostrando todas as possibilidades, me guiando para o melhor.
Estes são dias melhores!
Universo V
Com uma xícara de café na mão, fico em frente a janela, deixando meus pensamentos fluirem, deixando a mente vagar por todas as possibilidades e consequencias. Gosto quando estou nesse estado. É como projetar-se para um plano diferente. Um momento onde a verdade se apresenta. Ouço seus passos.
- Estou começando a ficar com ciúmes desse café.... - abraçando-me pelas costas.
- Estava pensando... - levando minha mão por sobre a dela.
- Posso ficar aqui, colada em ti, enquanto pensas?
- É claro que pode...
Em silêncio ficamos ali. Termino meu café. Fecho os olhos. Respiro fundo. Presto atenção àquele corpo ao meu. Sinto o delicioso perfume que ela carrega. O calor... Viro-me e levo minhas mãos à sua face. O doce olhar, o lindo sorriso... a sensualidade que ela emana.
- Estás linda como sempre... - acariciando seu rosto - quero te dar o melhor menina...
- Se for ainda mais do que me dás, ficarei mimada... - sorrindo
- Ainda assim, quero faze-lo...
- Que eu seja mimada então... - beijando-me.
- Estou começando a ficar com ciúmes desse café.... - abraçando-me pelas costas.
- Estava pensando... - levando minha mão por sobre a dela.
- Posso ficar aqui, colada em ti, enquanto pensas?
- É claro que pode...
Em silêncio ficamos ali. Termino meu café. Fecho os olhos. Respiro fundo. Presto atenção àquele corpo ao meu. Sinto o delicioso perfume que ela carrega. O calor... Viro-me e levo minhas mãos à sua face. O doce olhar, o lindo sorriso... a sensualidade que ela emana.
- Estás linda como sempre... - acariciando seu rosto - quero te dar o melhor menina...
- Se for ainda mais do que me dás, ficarei mimada... - sorrindo
- Ainda assim, quero faze-lo...
- Que eu seja mimada então... - beijando-me.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Para Rafael
Ei irmão, parece que foi ontem que estávamos sentados naquele sofá, que estávamos entediados e tomávamos um café, só para variar. Hoje lembrei de nossas conversas... animadas, melancólicas e até mesmo as discussões, onde por vezes, ficávamos irritados. Os dias que estavas estressado e eu, mesmo sem querer, te chateava. Os filmes, os capuccinos no Boccata.
Lembrei de nossas brigas na infância, onde você por ser mais forte, sempre levava a melhor. Lembra de quando brigamos e acabamos por derramar café em nosso Mega Drive? Os dias que em nossa cidade natal, com os amigos, tomando umas cervejas e deixando o tempo passar?
Sei que a vida as vezes se apresenta de uma forma áspera, dando a entender que não teremos muitas vitórias. Mas digo-lhe, sorria audaciosamente para todas essas adversidades, pois nenhuma delas pode ser mais forte que você. E não digo isso apenas por ser meu irmão, mas porque você é o cara! Um irmão que eu admiro, uma pessoa importante em minha vida, alguém com quem gosto de compartilhar minha existência, alguém que me ajudou a ser quem eu sou... meu grande irmão de bom coração!
Ei irmão, mesmo que agora nos vemos tão pouco, tenha certeza que carrego você comigo.
Lembrei de nossas brigas na infância, onde você por ser mais forte, sempre levava a melhor. Lembra de quando brigamos e acabamos por derramar café em nosso Mega Drive? Os dias que em nossa cidade natal, com os amigos, tomando umas cervejas e deixando o tempo passar?
Sei que a vida as vezes se apresenta de uma forma áspera, dando a entender que não teremos muitas vitórias. Mas digo-lhe, sorria audaciosamente para todas essas adversidades, pois nenhuma delas pode ser mais forte que você. E não digo isso apenas por ser meu irmão, mas porque você é o cara! Um irmão que eu admiro, uma pessoa importante em minha vida, alguém com quem gosto de compartilhar minha existência, alguém que me ajudou a ser quem eu sou... meu grande irmão de bom coração!
Ei irmão, mesmo que agora nos vemos tão pouco, tenha certeza que carrego você comigo.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Universo IV
Ela deitada em meu colo. Acaricio ela lenta e dinâmicamente. Estamos em silêncio. Olhamos pela janela as árvores movendo com o vento. Quietude. Como se a natureza nos tivesse dado um momento de harmônia. O vento entra suave, criando desenhos com a cortina. Estamos em silêncio. Lembro-me da noite linda que tivemos. Os movimentos lentos, os suspiros, as carícias, os gemidos... tudo calmo, tranquilo... como se o tempo não existisse, como se cada leve movimento fosse uma vida por si só. Ela olha-me. Leio seus olhos. Sorrimos.
Ela desliza suas mãos em meus cabelos, levando-as sobre meu peito. Carinhosamente, sento-a em meu colo. Rostos colados, respiramos o mesmo ar. Apenas o som da respiração e do vento. Olhos nos olhos.
- Seja meu mais uma vez - ela suspira, acariciando meu rosto. - e após, sentarei ao piano e tocarei para ti.
Ela sorri. Um sorriso iluminado, que me deixa em êxtase. Beijo ela com todo o carinho possível. Abraçamo-nos. O vento desliza em nossa volta... quietude... harmônia... e o tempo parece não mais existir...
Ela desliza suas mãos em meus cabelos, levando-as sobre meu peito. Carinhosamente, sento-a em meu colo. Rostos colados, respiramos o mesmo ar. Apenas o som da respiração e do vento. Olhos nos olhos.
- Seja meu mais uma vez - ela suspira, acariciando meu rosto. - e após, sentarei ao piano e tocarei para ti.
Ela sorri. Um sorriso iluminado, que me deixa em êxtase. Beijo ela com todo o carinho possível. Abraçamo-nos. O vento desliza em nossa volta... quietude... harmônia... e o tempo parece não mais existir...
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Terry's Song
"Well they built the Titanic to be one of a kind, but many ships have ruled the seas
They built the Eiffel Tower to stand alone, but they could build another if they please
Taj Mahal, the pyramids of Egypt, are unique I suppose
But when they built you, brother, they broke the mold
Now the world is filled with many wonders under the passing sun
And sometimes something comes along and you know it's for sure the only one
The Mona Lisa, the David, the Sistine Chapel, Jesus, Mary, and Joe
And when they built you, brother, they broke the mold
When they built you, brother, they turned dust into gold
When they built you, brother, they broke the mold
They say you can't take it with you, but I think that they're wrong
'Cause all I know is I woke up this morning, and something big was gone
Gone into that dark ether where you're still young and hard and cold
Just like when they built you, brother, they broke the mold
Now your death is upon us and we'll return your ashes to the earth
And I know you'll take comfort in knowing you've been roundly blessed and cursed
But love is a power greater than death, just like the songs and stories told
And when she built you, brother, she broke the mold
That attitude's a power stronger than death, alive and burning her stone cold
When they built you, brother"
Bruce Springsteen
They built the Eiffel Tower to stand alone, but they could build another if they please
Taj Mahal, the pyramids of Egypt, are unique I suppose
But when they built you, brother, they broke the mold
Now the world is filled with many wonders under the passing sun
And sometimes something comes along and you know it's for sure the only one
The Mona Lisa, the David, the Sistine Chapel, Jesus, Mary, and Joe
And when they built you, brother, they broke the mold
When they built you, brother, they turned dust into gold
When they built you, brother, they broke the mold
They say you can't take it with you, but I think that they're wrong
'Cause all I know is I woke up this morning, and something big was gone
Gone into that dark ether where you're still young and hard and cold
Just like when they built you, brother, they broke the mold
Now your death is upon us and we'll return your ashes to the earth
And I know you'll take comfort in knowing you've been roundly blessed and cursed
But love is a power greater than death, just like the songs and stories told
And when she built you, brother, she broke the mold
That attitude's a power stronger than death, alive and burning her stone cold
When they built you, brother"
Bruce Springsteen
Sonhos
Todo ser humano carrega consigo seus sonhos. Em nossa vida, eles estão sempre ali. É verdade que alguns sonhos ficam pelo caminho, partem-se, deixam de existir. Mas sempre podemos sonhar. Sempre podemos nos dedicar a construir um sonho duradouro.
Acontecimentos vem e vão e levam consigo belos sonhos, que estávamos dedicados a construir, que depositávamos nossa esperança. Aprendemos que nem todos os sonhos são possíveis, pois não dependem só de nós. Mas meu amigo, se tens um sonho que depende só de ti... dedica-te com o coração valente e o espírito nobre, com a habilidade de um artesão, com a calma da mãe natureza... e eis que verá teu sonho realizado.
E no dia que tu realizares teu sonho, e eu o meu, sentaremos com os deuses num banquete de honras, onde coros angelicais saudarão nossa história. Então meu amigo, lembraremos com lágrimas nos olhos de tudo que vivemos, de cada passo dado até então. E os deuses assim falarão: "Eis vossos sonhos, eis vossas vidas, eis vossa liberdade!"
E sonharemos ainda mais!
Acontecimentos vem e vão e levam consigo belos sonhos, que estávamos dedicados a construir, que depositávamos nossa esperança. Aprendemos que nem todos os sonhos são possíveis, pois não dependem só de nós. Mas meu amigo, se tens um sonho que depende só de ti... dedica-te com o coração valente e o espírito nobre, com a habilidade de um artesão, com a calma da mãe natureza... e eis que verá teu sonho realizado.
E no dia que tu realizares teu sonho, e eu o meu, sentaremos com os deuses num banquete de honras, onde coros angelicais saudarão nossa história. Então meu amigo, lembraremos com lágrimas nos olhos de tudo que vivemos, de cada passo dado até então. E os deuses assim falarão: "Eis vossos sonhos, eis vossas vidas, eis vossa liberdade!"
E sonharemos ainda mais!
domingo, 20 de janeiro de 2008
Universo III
Acordo com ela me fazendo carinho. Olho para ela sentada ao meu lado, com um sorriso nos lábios. Ela desliza suas mãos em meu peito, deita-se sobre mim. Afago-lhe os cabelos beijando-os em seguida.
- Bom dia... estás acordada faz tempo?
- O bastante para ficar te olhando. Gostei de ver você dormindo sereno.
- Graças ao teu carinho...
- Quero caminhar contigo... após o café. É gostoso caminhar embaixo das árvores nessa rua.
- Adoraria...
De mãos dadas saímos. Passos calmos, devagar. Não temos preocupações, não temos pressa. Algumas folhas caem das árvores. Pássaros cantam. Conversamos calmamente, deixando a conversa fluir de forma natural entre risos e idéias. Ela conversa de forma sensual, mantendo uma entonação acolhedora e movendo os lábios com beleza. Busca-me para perto de si em abraços onde sussurra em meu ouvido doces palavras. Retribuo os abraços e dou-lhe beijos.
Temos o dia pela frente. E sabemos que o dia será bonito.
- Bom dia... estás acordada faz tempo?
- O bastante para ficar te olhando. Gostei de ver você dormindo sereno.
- Graças ao teu carinho...
- Quero caminhar contigo... após o café. É gostoso caminhar embaixo das árvores nessa rua.
- Adoraria...
De mãos dadas saímos. Passos calmos, devagar. Não temos preocupações, não temos pressa. Algumas folhas caem das árvores. Pássaros cantam. Conversamos calmamente, deixando a conversa fluir de forma natural entre risos e idéias. Ela conversa de forma sensual, mantendo uma entonação acolhedora e movendo os lábios com beleza. Busca-me para perto de si em abraços onde sussurra em meu ouvido doces palavras. Retribuo os abraços e dou-lhe beijos.
Temos o dia pela frente. E sabemos que o dia será bonito.
Vitória
Entrou no carro. Passou a mão no rosto e fixou suas palmas nele. Olhou os colegas saindo. Pôs as mãos no volante. Levou a mão ao bolso. Tirou um cigarro. Acendeu. Pegou a carteira e olhou seu salário dentro. Tragou fundo.... soltou. Coçou a testa enquanto olhava para o dinheiro. Era pouco. Havia meses não sobrava nada para si. O aluguel, a ajuda para o plano de saúde dos pais e Vitória, sua filha que ele tão pouco via.
Tragou fundo novamente. Lembrou-se de Fátima, sua ex-mulher, partindo. Desde então trabalhava o máximo que podia para honrar a pensão de sua filha. Sua querida filha. A vida estava difícil é verdade, mas ele não poderia escapar. Amava sua filha e, mesmo não podendo vê-la tanto quanto gostaria, era ela que o fazia acordar todos os dias e enfrentar seu trabalho.
Apagou o cigarro. Olhou para todas aquelas pessoas saíndo do trabalho e imaginou o que os motivava. Ter uma boa casa? Um bom carro? Ter dinheiro para se divertir e não pensar em mais nada? Manter um lar? Manter uma família? Família... suspirou. Olhou novamente o dinheiro e lembrou-se de quando aos 15 ajudava seu pai no depósito. Quando comprou sua moto, aos 17. Quando foi morar com Fátima numa kitinete, enquanto cursavam a faculdade. Os sonhos e os momentos felizes... apenas lembranças agora. Acendeu outro cigarro.
Vitória... a dádiva de sua vida. Chorou. Sentia saudades... ligou o motor. A chuva caia lentamente. Lembrou de como Vitória gosta de chuva. Da vez em que Vitória lhe puxou pela mão para tomar banho de chuva. Vitória... talvez a única vitória em sua vida... mas ele não desistiria.
Tragou fundo novamente. Lembrou-se de Fátima, sua ex-mulher, partindo. Desde então trabalhava o máximo que podia para honrar a pensão de sua filha. Sua querida filha. A vida estava difícil é verdade, mas ele não poderia escapar. Amava sua filha e, mesmo não podendo vê-la tanto quanto gostaria, era ela que o fazia acordar todos os dias e enfrentar seu trabalho.
Apagou o cigarro. Olhou para todas aquelas pessoas saíndo do trabalho e imaginou o que os motivava. Ter uma boa casa? Um bom carro? Ter dinheiro para se divertir e não pensar em mais nada? Manter um lar? Manter uma família? Família... suspirou. Olhou novamente o dinheiro e lembrou-se de quando aos 15 ajudava seu pai no depósito. Quando comprou sua moto, aos 17. Quando foi morar com Fátima numa kitinete, enquanto cursavam a faculdade. Os sonhos e os momentos felizes... apenas lembranças agora. Acendeu outro cigarro.
Vitória... a dádiva de sua vida. Chorou. Sentia saudades... ligou o motor. A chuva caia lentamente. Lembrou de como Vitória gosta de chuva. Da vez em que Vitória lhe puxou pela mão para tomar banho de chuva. Vitória... talvez a única vitória em sua vida... mas ele não desistiria.
Pensamentos em um domingo nublado
É difícil ser humano. Sabemos o que deve ser feito. Temos dentro de nós uma consciência que nos guia. Mas mesmo assim cometemos erros. Porque, apesar de dentro de nós termos a resposta, o mundo de fora nos ilude e nos faz cair. Não é necessário ser um sábio tibetano ou um grande filósofo para tomar decisões ou guiar sua própria vida de forma honrada. Basta ouvir teu íntimo, prestar atenção aos teus pensamentos e verás, no meio de tantos que passam, a luz da verdade.
Irônicamente, tendemos a ter uma visão pessimista das coisas. Bem, a verdade é que o mundo é refelexo de nós mesmos, pois nós o construímos. Não estou querendo pregar um pensamento positivista, de que tudo está e estará bem. Se olharmos com atenção para a história da humanidade, veremos que o mundo sempre foi difícil para as pessoas de bem... tivemos inúmeras personalidades ao longo da história que demonstraram todo o potencial benéfico que pode existir na alma de um ser humano e, mesmo assim, a humanidade comete os mesmos erros.
O que eu quero dizer com tudo isso? Que sempre temos chance de fazer o que é certo. De não ser apenas mais uma alma perdida aqui nesse planeta. Thoreau, já havia afirmado: "nenhum homem tem o dever de mudar o mundo, mas sim o dever de fazer sua parte." Lembro-me que quando li esta frase pela primeira vez, ela tocou tão fundo o meu íntimo, que passei a ver o mundo de outra forma. Eis o que nos liberta de nossa própria miséria, fazer nossa parte. Alguns podem afirmar que é inútil, que é um sonho tolo. Mas um espírito nobre transcende, e deixa um grande exemplo para as gerações futuras. Sei que não vou mudar o mundo, mas partirei com o espírito enobrecido, porque terei feito minha parte.
Irônicamente, tendemos a ter uma visão pessimista das coisas. Bem, a verdade é que o mundo é refelexo de nós mesmos, pois nós o construímos. Não estou querendo pregar um pensamento positivista, de que tudo está e estará bem. Se olharmos com atenção para a história da humanidade, veremos que o mundo sempre foi difícil para as pessoas de bem... tivemos inúmeras personalidades ao longo da história que demonstraram todo o potencial benéfico que pode existir na alma de um ser humano e, mesmo assim, a humanidade comete os mesmos erros.
O que eu quero dizer com tudo isso? Que sempre temos chance de fazer o que é certo. De não ser apenas mais uma alma perdida aqui nesse planeta. Thoreau, já havia afirmado: "nenhum homem tem o dever de mudar o mundo, mas sim o dever de fazer sua parte." Lembro-me que quando li esta frase pela primeira vez, ela tocou tão fundo o meu íntimo, que passei a ver o mundo de outra forma. Eis o que nos liberta de nossa própria miséria, fazer nossa parte. Alguns podem afirmar que é inútil, que é um sonho tolo. Mas um espírito nobre transcende, e deixa um grande exemplo para as gerações futuras. Sei que não vou mudar o mundo, mas partirei com o espírito enobrecido, porque terei feito minha parte.
Ecos
"Devemos ser como as estrelas... Mesmo sozinhas em meio às trevas, brilham intensamente e fazem-se ver até mesmo aqui, em meio as luzes da cidade."
Marcos Kuhn
Marcos Kuhn
sábado, 19 de janeiro de 2008
Universo II
Ela encosta delicadamente sua cabeça em meu peito. Beijo seus cabelos e abraço seu corpo com ternura. Ficamos em silêncio. Fecho os olhos e sinto o doce perfume que emana dela, o corpo delicado junto ao meu. Ela fala baixinho:
- Me sinto bem aqui.
- Eu sei... - respondo carinhosamente.
Ela então acaricia meu peito e trás seus lábios até os meus. Olha-me nos olhos. Lindos olhos verdes que entram em sintonia com a pele clara e os lábios rosados. Sorri. Acaricio seus cabelos castanhos claros e sorrio. Algumas horas antes estávamos em outro concerto. Uma caminhada, um café, palavras, sorrisos... beijos. Doce menina.
- Obrigada. Tens sido muito gentil comigo.
- E você comigo.
- Quero que durma aqui hoje... que sejas meu essa noite.
Levo seu rosto ao meu peito. Abraço ela com afeto. Olho aquele quarto, aquele belo vestido. Ouço a música. Ouço ela respirar. Olho seu belo corpo. Trago seu rosto ao meu... olho para ela com ternura. Um beijo suave...
- Então serei teu essa noite.
- Me sinto bem aqui.
- Eu sei... - respondo carinhosamente.
Ela então acaricia meu peito e trás seus lábios até os meus. Olha-me nos olhos. Lindos olhos verdes que entram em sintonia com a pele clara e os lábios rosados. Sorri. Acaricio seus cabelos castanhos claros e sorrio. Algumas horas antes estávamos em outro concerto. Uma caminhada, um café, palavras, sorrisos... beijos. Doce menina.
- Obrigada. Tens sido muito gentil comigo.
- E você comigo.
- Quero que durma aqui hoje... que sejas meu essa noite.
Levo seu rosto ao meu peito. Abraço ela com afeto. Olho aquele quarto, aquele belo vestido. Ouço a música. Ouço ela respirar. Olho seu belo corpo. Trago seu rosto ao meu... olho para ela com ternura. Um beijo suave...
- Então serei teu essa noite.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Reflexus
"Acredita em ti: todo coração ressoa em consonância com essa corda de ferro. Aceita o lugar que a providência divina te designou , a convivência com teus contemporâneos, a correlação de acontecimentos. Os homens ilustres sempre agiram assim e confiaram, à maneira das crianças, no gênio de sua época, revelando sua percepção de que o absolutamente digno de confiança encontrava-se assentado em seus corações, trabalhava pelas suas mãos, predominava em todo o seu ser. Sendo homens, agora, devemos aceitar com o espírito elevado o mesmo destino transcendente; e não assumir a posição de indefesos ou inválidos, protegidos em um canto, muito menos escapar como covardes diante de uma revolução, mas sim assumir a tarefa de guias, redentores e benfeitores, obedecendo ao empenho do Todo-Poderoso e avançando sobre o Caos e as Tevas."
Ralph Waldo Emerson, filósofo americano.
Ralph Waldo Emerson, filósofo americano.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Lágrimas de compreensão
Olhou atentamente a paisagem em volta de si. As árvores abraçando o rio, que corria jovialmente, a mata que cobria o horizonte, a névoa que beijava as montanhas acima de sua cabeça. As borboletas voando de flor em flor, próximas à água. Ouvia o som do rio misturar-se com o som da mata... uma música serena e calma que lhe adentrava ao coração.
Já havia derramado algumas lágrimas, largado alguns suspiros. Sozinho, ali, ele pensava. Deixava seu espírito fluir, sair de seu corpo e misturar-se as coisas. Podia sentir o carinho suave da mãe natureza, chamando-o para continuar, manter-se firme, não desisitir. Suas lágrimas foram de encontro ao rio, não lágrimas amarguradas ou raivosas, mas lágrimas de compreensão. Ele sabia.
Alguns pássaros se aproximam, como numa tentativa de mostrar que tudo está ali junto dele. Cantam. Ele olha serenamente para os passáros e sorri em agradecimento. O vento vem acariciar sua face e ele fecha os olhos. Pode sentir todos aqueles que escapam aos olhos ao seu redor, compartilhando tudo. Alegra-se em saber que pode contar com eles. Calma. Tudo torna-se calmo e ele sente um calor em seu coração. É o chamado. A verdade entrando em sua alma. Abre os olhos e vê. Ele sabe que precisa voltar... olha todos com ternura, numa despidida silênciosa que fala muito mais que palavras.
Fechou os olhos, respirou fundo.... era tempo de recomeçar...
Já havia derramado algumas lágrimas, largado alguns suspiros. Sozinho, ali, ele pensava. Deixava seu espírito fluir, sair de seu corpo e misturar-se as coisas. Podia sentir o carinho suave da mãe natureza, chamando-o para continuar, manter-se firme, não desisitir. Suas lágrimas foram de encontro ao rio, não lágrimas amarguradas ou raivosas, mas lágrimas de compreensão. Ele sabia.
Alguns pássaros se aproximam, como numa tentativa de mostrar que tudo está ali junto dele. Cantam. Ele olha serenamente para os passáros e sorri em agradecimento. O vento vem acariciar sua face e ele fecha os olhos. Pode sentir todos aqueles que escapam aos olhos ao seu redor, compartilhando tudo. Alegra-se em saber que pode contar com eles. Calma. Tudo torna-se calmo e ele sente um calor em seu coração. É o chamado. A verdade entrando em sua alma. Abre os olhos e vê. Ele sabe que precisa voltar... olha todos com ternura, numa despidida silênciosa que fala muito mais que palavras.
Fechou os olhos, respirou fundo.... era tempo de recomeçar...
sábado, 12 de janeiro de 2008
Universo
Sentei-me na poltrona, ainda um pouco receoso, mas alguma coisa me dizia para estar nesse concerto. Tudo seguia normalmente, os músicos foram entrando no palco; e de repente, ela. Sentou-se em um lugar que ficava de frente para mim. Nossos olhos se encontraram. Nos olhamos por um bom tempo, que nem mesmo prestei atenção no concerto. Achei até que tiraria a concentração dela, pois vi suas mãos nervosas. Mas seus olhos me buscavam, então sabia que meu olhar era bem vindo.
O concerto ia seguindo e crescia dentro de mim uma ansiedade de vê-la tocar. Estávamos ligados, parecia que podia sentir o quanto ela estava ansiosa. E então ela sentou-se ao piano. Fechei os olhos e desejei que nada saisse errado. E não saiu. Tocou perfeitamente! A união da beleza sensual dela com a beleza da música criou um novo estado de arte, algo por demais belo. O vestido preto, deixando suas belas pernas à mostra, o cabelo castanho longo sobre seus ombros, descendo pelas costas com carinho, aquele rosto lindo, evocando concentração e prazer em tocar; e a luz ao redor dela... Uma cena belíssima! Quando ela retornou ao seu lugar, olhamo-nos diretamente e trocamos sorrisos. Não poderia sair dali sem falar com ela. Continuamos a comunicação de olhares e sorrisos até o fim do concerto.
Terminado o concerto fico ali, esperando ela sair do camarim. Passam-se uns minutos e ela surge por trás da cortina, caminhando com elegância. Dirigo-me até ela e parabenizo sua atuação. Ela, com sua voz angelical, agradece. Ouso pedir para vê-la novamente. Ela aceita e despede-se. Nos cruzamos mais uma vez na saída do teatro e nos despidimos novamente de uma forma breve, mas carinhosa. Então vejo aquela bela mulher partir, já aguardando o reencontro.
O concerto ia seguindo e crescia dentro de mim uma ansiedade de vê-la tocar. Estávamos ligados, parecia que podia sentir o quanto ela estava ansiosa. E então ela sentou-se ao piano. Fechei os olhos e desejei que nada saisse errado. E não saiu. Tocou perfeitamente! A união da beleza sensual dela com a beleza da música criou um novo estado de arte, algo por demais belo. O vestido preto, deixando suas belas pernas à mostra, o cabelo castanho longo sobre seus ombros, descendo pelas costas com carinho, aquele rosto lindo, evocando concentração e prazer em tocar; e a luz ao redor dela... Uma cena belíssima! Quando ela retornou ao seu lugar, olhamo-nos diretamente e trocamos sorrisos. Não poderia sair dali sem falar com ela. Continuamos a comunicação de olhares e sorrisos até o fim do concerto.
Terminado o concerto fico ali, esperando ela sair do camarim. Passam-se uns minutos e ela surge por trás da cortina, caminhando com elegância. Dirigo-me até ela e parabenizo sua atuação. Ela, com sua voz angelical, agradece. Ouso pedir para vê-la novamente. Ela aceita e despede-se. Nos cruzamos mais uma vez na saída do teatro e nos despidimos novamente de uma forma breve, mas carinhosa. Então vejo aquela bela mulher partir, já aguardando o reencontro.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
(...)
A dor é algo incrível por si. Capaz de nos tomar por inteiro, domar nosso corpo e nos deixar tão inúteis. Dor. Hoje sinto muita dor... como se cachorros comessem minhas entranhas, como se inúmeras bombas explodissem dentro de mim, como se espectros rasgassem minha alma. Não sinto fome, não sinto sede, meu corpo treme...
Conviver com a dor não é algo muito fácil... mas se faz necessário em casos como esse. Aprender a fechar os olhos e escapar a mente para algum lugar enquanto o corpo é dilacerado, torturado pela dor. Pergunto-me como posso por-me em pé, com tanta dor dentro de mim. Meu espírito tenta ir embora, deixar esse corpo e partir para algum lugar melhor, provido de bons músicos e pessoas afetuosas, onde possa recuperar-se e juntar as forças para combater a dor. Mas a dor está ali... presa ao corpo e a alma, um chorar tempestuso de forças. Uma unidade incrível que faz perder as forças nas pernas, a buscar apoio para não cair. Dor. Ò dor angustiante, que tanto me castiga, serei eu capaz de suportar tudo isso? Consiguerei manter-me firme até o fim? Só o tempo dirá...
Conviver com a dor não é algo muito fácil... mas se faz necessário em casos como esse. Aprender a fechar os olhos e escapar a mente para algum lugar enquanto o corpo é dilacerado, torturado pela dor. Pergunto-me como posso por-me em pé, com tanta dor dentro de mim. Meu espírito tenta ir embora, deixar esse corpo e partir para algum lugar melhor, provido de bons músicos e pessoas afetuosas, onde possa recuperar-se e juntar as forças para combater a dor. Mas a dor está ali... presa ao corpo e a alma, um chorar tempestuso de forças. Uma unidade incrível que faz perder as forças nas pernas, a buscar apoio para não cair. Dor. Ò dor angustiante, que tanto me castiga, serei eu capaz de suportar tudo isso? Consiguerei manter-me firme até o fim? Só o tempo dirá...
Um breve diálogo
Serviu-se de mais vinho. A sala encontrava-se escura e quieta, como ela queria. Olhou o relógio... era a hora. No canto esquerdo, perto da estante de livros, como sempre, ela apareceu. Encoberta pelo manto negro, apenas o reflexo da lâmina e os olhos vermelhos apareciam.
- Ò amiga, por favor leve-me consigo... - adiantou-se Diego.
- Ainda não é sua hora...
Adiantou-se um passo a frente, sendo iluminada pelo luar que entrava pela janela. A foice iluminava tudo a volta com o reflexo, aumentando o impacto visual de tal cena.
- Por que achas que os deuses te poupariam? - retorna ela
- Eu estou apenas cansado... cansado de lutar contra esse mundo, cansado de ter fé, cansado de ainda esperar alguma coisa... cansado de ser eu mesmo.
- Estás provando da miséria humana meu amigo. Sua raça é miserável por natureza... são tão poucos entre vocês que superam sua condição mediocre, que nem mesmo os deuses tem alguma fé em vocês ainda.
- O que me resta então? Fumar ópio até meu dia chegar?
- É uma escolha... olhe para si mesmo, mediocre amigo... olhe para esse mundo mediocre a sua volta... tua força se consome cada dia numa batalha contra tua própria miséria, já disse, tão poucos de vocês conseguem superar sua própria mediocridade... se tu desistires agora, será apenas mais um, como todos os outros.
- Não sei mais de onde tirar forças... como poderei?
- Isso é problema seu e não meu. Não posso te ensinar à não ser apenas mais um verme rastejante nesse lixo que chamam humanidade.
- Estamos abandonados então? Nem mesmo os deuses nos querem bem?
- Talvez até queiram, mas o que podem fazer? Vocês se afundam em lama e putrefação e esperam que alguém simplesmente tire vocês daqui? Ò miseráveis... passam os milêncios e nunca aprendem... é estranho... até sinto pena de tudo isso... mas são os seus passos e não os meus...
- Talvez um dia, não será mais assim...
- É, talvez... - e desapareceu numa névoa negra.
- Ò amiga, por favor leve-me consigo... - adiantou-se Diego.
- Ainda não é sua hora...
Adiantou-se um passo a frente, sendo iluminada pelo luar que entrava pela janela. A foice iluminava tudo a volta com o reflexo, aumentando o impacto visual de tal cena.
- Por que achas que os deuses te poupariam? - retorna ela
- Eu estou apenas cansado... cansado de lutar contra esse mundo, cansado de ter fé, cansado de ainda esperar alguma coisa... cansado de ser eu mesmo.
- Estás provando da miséria humana meu amigo. Sua raça é miserável por natureza... são tão poucos entre vocês que superam sua condição mediocre, que nem mesmo os deuses tem alguma fé em vocês ainda.
- O que me resta então? Fumar ópio até meu dia chegar?
- É uma escolha... olhe para si mesmo, mediocre amigo... olhe para esse mundo mediocre a sua volta... tua força se consome cada dia numa batalha contra tua própria miséria, já disse, tão poucos de vocês conseguem superar sua própria mediocridade... se tu desistires agora, será apenas mais um, como todos os outros.
- Não sei mais de onde tirar forças... como poderei?
- Isso é problema seu e não meu. Não posso te ensinar à não ser apenas mais um verme rastejante nesse lixo que chamam humanidade.
- Estamos abandonados então? Nem mesmo os deuses nos querem bem?
- Talvez até queiram, mas o que podem fazer? Vocês se afundam em lama e putrefação e esperam que alguém simplesmente tire vocês daqui? Ò miseráveis... passam os milêncios e nunca aprendem... é estranho... até sinto pena de tudo isso... mas são os seus passos e não os meus...
- Talvez um dia, não será mais assim...
- É, talvez... - e desapareceu numa névoa negra.
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