Serviu-se de mais vinho. A sala encontrava-se escura e quieta, como ela queria. Olhou o relógio... era a hora. No canto esquerdo, perto da estante de livros, como sempre, ela apareceu. Encoberta pelo manto negro, apenas o reflexo da lâmina e os olhos vermelhos apareciam.
- Ò amiga, por favor leve-me consigo... - adiantou-se Diego.
- Ainda não é sua hora...
Adiantou-se um passo a frente, sendo iluminada pelo luar que entrava pela janela. A foice iluminava tudo a volta com o reflexo, aumentando o impacto visual de tal cena.
- Por que achas que os deuses te poupariam? - retorna ela
- Eu estou apenas cansado... cansado de lutar contra esse mundo, cansado de ter fé, cansado de ainda esperar alguma coisa... cansado de ser eu mesmo.
- Estás provando da miséria humana meu amigo. Sua raça é miserável por natureza... são tão poucos entre vocês que superam sua condição mediocre, que nem mesmo os deuses tem alguma fé em vocês ainda.
- O que me resta então? Fumar ópio até meu dia chegar?
- É uma escolha... olhe para si mesmo, mediocre amigo... olhe para esse mundo mediocre a sua volta... tua força se consome cada dia numa batalha contra tua própria miséria, já disse, tão poucos de vocês conseguem superar sua própria mediocridade... se tu desistires agora, será apenas mais um, como todos os outros.
- Não sei mais de onde tirar forças... como poderei?
- Isso é problema seu e não meu. Não posso te ensinar à não ser apenas mais um verme rastejante nesse lixo que chamam humanidade.
- Estamos abandonados então? Nem mesmo os deuses nos querem bem?
- Talvez até queiram, mas o que podem fazer? Vocês se afundam em lama e putrefação e esperam que alguém simplesmente tire vocês daqui? Ò miseráveis... passam os milêncios e nunca aprendem... é estranho... até sinto pena de tudo isso... mas são os seus passos e não os meus...
- Talvez um dia, não será mais assim...
- É, talvez... - e desapareceu numa névoa negra.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
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