Levou a mão ao queixo. Passou os dedos em sua barba. Inclinou-se para trás.
- Tem certeza? - perguntou.
- É claro que tenho.
- Não sei...
- Qual é? Não confia em mim?
- Pior que não... - rindo.
- Ah.... sem essa... já expliquei certinho!
Olhou Vítor por um instante. Não havia dúvidas que ele era expert em entrar em furadas. Mas também não havia dúvidas que suas arriscadas por vezes resultavam em grandes jogadas. Tomou um gole de cerveja. Respirou fundo.
- E então? Topa? - perguntou Vítor.
- Ok... mas com uma condição. Eu comando.
Aqui ele sabia que estava jogando alto, mas se havia aprendido alguma coisa na vida, é que não devia estar no fim da fila. Tomou mais um gole de cerveja. Olhou o pessoal no bar. Olhou o pessoal na rua... não havia dúvidas... estava jogando alto... quem sabe alto demais. Mas ele queria jogar, estava no seu sangue. Não queria uma vida simples e banal. Ele queria mais...
- Cacete Ricardo.... você dificulta...
- É pegar ou largar Vítor....
- Não sei, será que v...
- É pegar ou largar! - interrompendo, de modo bem enfático.
Vítor ficou em silêncio. Agora Ricardo sabia que estava no comando. Como nos velhos tempos. Podia sentir o sangue correr em suas veias. A sensação de liberdade. A mente cosntruindo tudo rapidamente, o filme que se seguia. Sorriu. Estava de volta. Estava vivo.
- Ok Ricardo, você comanda.
- Agora estamos realmente conversando.
- Cacete... você sempre consegue.
- Sim eu sempre consigo - com um sorriso no rosto - e é por isso que eu comando. Já calculei as possibilidades. Já sei o que fazer e quando fazer.
Levantou-se. Terminou seu copo de cerveja. Ah como era bom estar de volta! Saiu do bar renovado. Pegou a moeda, jogou para o alto, deixou cair no chão, pisou em cima. Olhou o resultado. Sorriu. Estava jogando alto... quem sabe alto demais...
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
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